quarta-feira, 19 de agosto de 2015

TU ÉS PEDRA

Parei pra pensar em tudo
Igualzinho a uma pedra
Tinha movimento não
Tinha não
E nem respiração
Raras vezes fiz isso

Violentamente tive que retornar
Ao estágio anterior
Induzido pela agressividade do mundo

Tentei parar, mas não deu
O trabalho chamou depressa
Mais que depressa
As obrigações são prioridade
Rugem se você não as cumpre

Não que eu queira parar
O querer é poder, sim

Certamente.
Unicamente, porém, poder não é para quem quer

J.E.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Musical idade

Adoro musicar coisas, batucando nelas. Adoro musicar situações, melodizando, ritmando e harmonizando os detalhes pra compôr algo, ainda que simples. Adoro musicar pessoas, enredando o que vivem ou os sentimentos que me causam. Música lida de um jeito com teu íntimo que te faz pensar que ela é o teu interior. E o que se precisa para ter musicalidade? Musical idade.

sábado, 21 de março de 2015

Vai. Mas volta.

Desço pra caminhar, e me vejo sozinho: ela não está lá. Não atende aos meus chamados, nem responde as minhas mensagens, se é que as visualiza. Ela tem me feito companhia nos momentos de liberação de endorfina, e nos instantes de cansaço me alenta com o sorriso brilhante que lhe é característico, dando força pra ir até o fim. Mas hoje eu estou sozinho. E não foi por falta de avisos ou sinais. Para bom entendedor meia palavra basta? Bastaria. Tive a vã esperança de vê-la daqui. Está longe? Estará mais longe? Voltará? Ah, sim. Está só escondida, por um tempo. Que voltará, sei que sim. E esperar-te-ei, ó, lua. O que nos separa é só uma nuvem, que está mais perto de você do que de mim. É certo que às vezes também sou obrigado a te deixar de lado, mas quando você voltar, estarei aqui, de braços abertos e coração pulsante pra te receber, sabendo que qualquer dia você terá que ir de novo. Mas não tem problema: só contemplar sua beleza de vez em quando já me faz feliz. Agora deixa eu subir. Até.

domingo, 15 de março de 2015

É pra mim?

O que nasceu pra ser seu, ainda que por um segundo, vai ser. E vai ser plenamente, completamente, tudamente seu. Quando for, aproveita.

Agora, se não for destinado a ser seu, não adianta chorar, reclamar, fazer o diabo a quatro. Não vai ser parte da sua vida.

Lutar por algo é digno, e esperar pra ver se acontece pode ser surpreendente. Sem pressa.

J.E.

sábado, 7 de março de 2015

Amores

Advinha quem foi o premiado com insônia dessa vez? Pois é. Acertou. O mais impressionante desses momentos é que eles duram horas, mas durante esse tempo passa um filme de anos na sua cabeça. Assunto? Você mesmo: vida e obra. Ou vidas e obras. E nesse filme você visita lugares queridos, revisita situações, especula sobre o imponderável, relembra e celebra o amor... Digo, os amores. Sim, todos nós temos amores. Muitos. De vários tipos, graças a Deus! Exista um só tipo de amor, e você ou terá os sonhos mais loucos com sua família, ou o afeto por um cônjuge se restringirá a tomar-lhe a bênção. 

O amor que irradiamos volta para nós. Volta? Volta! Ainda que seja em forma de frustração. Quando você imagina uma situação X e ela acontece diferentemente do que você tinha imaginado (quanto ao amor, não dá pra planejar... só resta imaginar!) você sente o golpe, mas só acusa se quiser. Levanta, sacode a poeira, e... chora com os ciscos nos olhos? Só se quiser! Dar a volta por cima não é garantido, mas chorar não é obrigatório.

Digo isso porque esses dias segurei no colo o filho de um amor meu. Esse amor nasceu quando eu tinha onze anos, e até os quinze ele fez parte direta da minha vida. Vi esse amor dar os primeiros passos, falar as primeiras palavras, e o levei à escola pela primeira vez. Hoje, esse amor é pai de uma pequena cópia sua, a quem segurei no colo, mas não está presente em sua vida agora por circunstâncias da vida. Somos reféns das escolhas que fazemos? Não só nós, mas todos à nossa volta.

Amor, grande amor meu, você faz falta. Na minha vida, e, de alguma forma, na de todos. Torço pra que tudo se resolva da forma mais certa possível. Estou triste demais, até contigo, mas nunca deixei de te amar. Afinal, se o amor um dia acaba, ele nunca foi amor.

J.E.

domingo, 1 de março de 2015

A Mesa

Domingo bom é aquele em que a gente comemora. Qualquer coisa pode ser comemorada. Tudo. Até se o seu time perder: "Isso mesmo! Mereceram!" Mas esse domingo foi especial. Muito, diga-se de passagem.

Desde sábado já se comemorava o aniversário da minha mãe. Saímos em família, três casais, e num papo regado a risadas interrompidas por comida boa e bebidas sem álcool, celebramos mais um ano de vida dela. Suficiente? Não. No domingo, panelada de dobradinha para o restante da família que veio dar o abraço de todo ano.

Durante o almoço, tocava um CD de músicas de dor-de-cotovelo daqueles, cheios dos clássicos de Amado Batista, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Cauby, Timóteo... Até que minha refeição foi pausada por alguns minutinhos, quando tocou "Naquela Mesa." Essa canção não pode passar despercebida, nunca, por ninguém! Levantei da mesa, fui ao banheiro, e depois de um tempinho bem curto, voltei para terminar o almoço, depois de ter chorado pouquinho, baixinho, de saudade do meu avô, que tanto gostava de um almoço de domingo embalado por esses clássicos. Só saí da mesa por causa da minha avó, que depois de onze anos não esconde a saudade e ainda chora, assim como eu, mas ela tem 87 anos e uma série de fatores agravantes para emoções fortes. Os outros, incautos, nem perceberam a música: seus ruídos a abafaram em seus ouvidos. Mas não nos meus.

Que saudades do meu avô! Que pena não tê-lo em pessoa para compartilhar de um almoço, nunca mais. Que pena não cantar mais nada com ele quando eu pego o meu violão. Cantar "Naquela Mesa" baixinho foi o meu mantra para o resto do dia. E chegando em casa, ouvi várias outras do Nelson Gonçalves só pra comemorar a saudade gostosa do velho João. Fique em paz, vô. E dá um abraço no Nelson Gonçalves aí.

https://www.youtube.com/watch?v=8YaOWBvx_Ms

Naquela mesa ele sentava sempre
E ensinava pra gente o que é viver melhor.
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor.
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã,
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã.

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto
Uma casa e um jardim.
Ah, se eu soubesse como dói a vida
Essa dor tão doída
Não doía assim.
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala
Do seu bandolim.
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele
Tá doendo em mim.

J.E.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

TODO CARNAVAL TEM SEU FIM

Que todo carnaval tem seu fim, todos sabemos.
Aliás, tudo termina. Não? Sim! Tudo termina.
Só que para terminar, começar é essencial.
Imediato é o início do fogo por menor que seja a fagulha, mas
por mais que o vento o espalhe e o conduza a outros combustíveis
um dia a chama se apaga.
Eterna mesmo só a eternidade.
Não?

J.E.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tempo incontrolável, semanas intermináveis, meses insuportáveis



É. O título deste post não poderia ser mais claro nem menos impactante. Vai chegando esse finzinho de ano, o cheiro de bacalhau (no melhor sentido da expressão, por favor...) vai subindo, Papai Noel já vai levando o trenó pra fazer aquela revisão geral antes da viagem, tudo vai ficando com cara de 2012. Mas chega a Copa de 2014 mas não chega dezembro...


Uma aflição, menino, vai tomando conta dessa gente que já está agarrada no trabalho desde fevereiro, sem parar, num ano tão atípico para os brasileiros. Poucos feriados, né? É...



Mas ainda assim, não dá vontade de parar. MENTIRA! DÁ SIM! Parar uma tarde numa rede, ou no chão da varanda, ou no terraço, ou onde for; parar e curtir o NADA! O tempo passa depressa demais, e não estamos conseguindo ver esse danado passar. Nem as pobres crianças, que já trazem consigo o discurso pronto para a sala de aula: "Professor, não fiz o dever porque ontem tive aula de Tênis, de Balé, de Kung Fu, Corte e Costura, Natação, Futsal, reforço de Matemática e fui pescar com meu pai depois da escola." Sendo que alguns deles chegam na escola às 8h e saem às 17h. O tempo não perdoa. Daqui a pouco essas crianças, que serão o futuro do nosso país, não terão tempo nem pra pegar a mochila. "Ih, professor, esqueci a mochila!" é o próximo passo pra quem hoje esquece o livro ou não faz o dever por conta das aulas de Balé, Kung Fu e tal...



E os meses? Parecem que se arrastam, antitéticos ao tempo que se esvai. Nada segura o tempo, só o dia 30, que aparenta estar depois do dia 29, mas não está... Está, sim, bem depois. Quase num ponto inalcançável, inatingível, intocável. As crianças são muito imediatistas porque não entendem a noção de meses e semanas. Sorte delas. Elas vivem o dia de hoje. Quando muito, esperam pelo amanhã, que sabem que é depois da noite. Mas no mundo da criança o agora é sempre. O amanhã, não.Eu queria voltar a ser criança só pra poder perder essa noção de tempo. Minha única obrigação era obedecer. Aos pais, claro. A criança até os 7 anos, dizem, não sabem diferenciar realidade e fantasia. Tem monstro, sim, embaixo da cama, e tem, sim, como a gente voar. Saber rejeitar isso é uma questão de tempo, cuja velocidade espanta.


Portanto, não perca o seu. Pare para ver seu tempo passar, um dia, por uma hora. Duas? Não sei, se der tempo...

J.E.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Francamente, onde é que vamos parar?

Acordei cedo, como de costume, para trabalhar na última quinta, dia 07 de Abril de 2011. Numa escola pública, diga-se de passagem. A notícia de que um atirador teria invadido uma escola no Rio de Janeiro, matando alunos, chegou na hora do recreio, mais ou menos 5 minutos antes de eu entrar em sala para a aula das 10h. Não vou mentir que não passou pela minha cabeça a ideia de "Podemos ser os próximos." As colegas de sala de aula também pensaram. A maior pergunta que fica é aquela que não dá pra ser respondida em uma só linha. Aliás, acho que dá, até em uma palavra - bem curtinha: NÓ. O problema está em desfazê-lo. No funcionarismo público brasileiro ainda existe aquela filosofia do "O meu está ganho. Quero mais é não me preocupar com o resto." Estabilidade de emprego já foi uma marca mais forte dos empregos públicos. Todo mundo reclama que o governo não dá suporte, que hoje o professor sofre com o descaso. E diz que se o governo dá laptop, dá cartão cultura, dá ajuda da passagem, não dá aquilo de que o professor mais precisa: RECONHECIMENTO. Mas falta um pouco de amor próprio, de vontade de querer mudar. Simplesmente querer que mude não afeta em nada o processo. Com esse nó cego apertado, a situação fica mais complicada ainda. É difícil ver aquele professor amigo dos alunos, aquele que encontra com você na rua e pergunta pela família, pelo irmão, pelo cachorro, e etc. Eu tento ser um professor assim, mas sinto que o nó, às vezes, não deixa a gente chegar perto do aluno. Será que isso é só culpa do professor? Ou será que o aluno também tem culpa? E, se a culpa é dele, onde será que isso tudo começa? Em casa? Na rua? Na televisão? Na internet? Outro dia uma aluna do 7º ano (antiga 6ª série; ela tem uns 12 anos) veio me mostrar um "vídeo legal" (palavras dela) que ela tinha no celular. O vídeo tinha uns 2 minutos de duração, e era de um assassinato. Não algo do tipo latrocínio, mas uma emboscada. Uns cinco homens, armados até os dentes, pegaram um jovem num lugar tipo uma viela. E simplesmente descarregaram as armas. Até o fim. Imagine o que sobrou da vítima. Imaginou? Pois é, estava no vídeo também. Não bastassem a cena do corpo tremendo e do sangue jorrando e o barulho dos tiros, o vídeo tinha imagens internas da cabeça do morto. Quando perguntei se a mãe dela tinha visto o vídeo, a resposta foi: "An-rã, foi ela que me passou, professor." Onde está o respeito que existia dentro de casa? A família costumava ser, pelo menos na minha época, uma instituição de maior respeito. E aprendia-se em casa como respeitar o espaço do outro. Não podemos generalizar, pois ainda há muita gente boa no mundo. Mas parece que está cada vez mais escasso. Isso tudo aconteceu um dia depois de eu ter escrito um post falando do orgulho que tenho de ser professor (o post está logo aqui embaixo). Ver as cenas das crianças correndo nos corredores da escola, fugindo dos tiros, me chocou a tal ponto de pensar que estávamos em meio a uma guerra civil. Aposto que não fui o único. Infelizmente, vidas inocentes foram levadas tão cedo pelas mãos de um louco, cuja história ninguém sabe ao certo qual é. Mas ainda assim, acredito que dá pra mudar. Falta força de vontade, mas de três partes: do governo, dos docentes e das famílias dos alunos.

J.E.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Coisas de que sinto saudade...

Minha vida ficou bem diferente depois de certas coisas. O tempo que eu usava para tocar meu violão e jogar meu videogame hoje é aproveitado de outra forma. Corrijo minhas páginas e páginas de exercício, e de provas, preparo minhas aulas... Ao invés de amolecer os dedos para fazer fluir os acordes no braço do meu amigo, que hoje repousa na parede do meu escritório, enrijeço-os para não deixar a caneta cair durante uma correção, ou um estudo de matéria para a próxima semana. Isso aconteceu porque um dia decidi que queria ser alguém. Decidi que minha vida não podia ficar parada em frente à TV, curtindo jogos ou programas, somente para minha diversão. Lembro até hoje do dia em que meu computador (novo amigo, depois do violão) chegou em casa. Eu já estava na faculdade, e dava aula há um ano. Precisaria dele para o resto da minha vida, e não imaginava isso no momento em que o liguei na tomada. Outrora, ele serviria unicamente para me levar a passear no mundo musical, buscando cifras, letras, partituras, vídeos, enfim... Algo que me fizesse crer que a música preencheria todos os meu vazios. Não foi bem assim. Muito mais que viajar na música, tinha que parar de estação em estação para preparar apresentações para a universidade, pesquisar quem foi Fulano(a), o que fez, por que motivo fez (se é que existia motivo), quando fez, e coisa e tal. Meu videogame ficou parado. Coitado do meu SNES (meu amigo antes ainda do violão). Quem teve um desses na época em que tive era a sensação da rua... Todo mundo adorava! E eu só o joguei até os meus 16. Isso já faz 10 anos. Certas horas me dá uma saudade dele, de alugar as fitas, de soprar no cartucho pra limpar os contatos. Enfim, a gente cresce. Hoje não faço a menor ideia de onde ele esteja sepultado. Tenho um PS2, com jogos maneiros, e tal, mas a minha cabeça pra jogos hoje é totalmente diferente. O jogo é todo dia. Quase um RPG 24/7. No dia 03 de Abril de 2011 completei 9 anos como professor. Sim, comecei aos 17. E com muita força e orgulho, pretendo ser professor para o resto da vida. Sei que talvez não encontre mais tempo para estudar meu violão, nem jogar meu videogame como gostava. É a vida. Ainda assim, sinto saudade disso tudo. Mas a gente muda. Cresce. Opta por outras coisas que preencham divertidamente o tempo vazio de nossa infãncia e adolescência, e transforma o jeito de fazer e achar graça.

J.E.