segunda-feira, 30 de março de 2015

Musical idade

Adoro musicar coisas, batucando nelas. Adoro musicar situações, melodizando, ritmando e harmonizando os detalhes pra compôr algo, ainda que simples. Adoro musicar pessoas, enredando o que vivem ou os sentimentos que me causam. Música lida de um jeito com teu íntimo que te faz pensar que ela é o teu interior. E o que se precisa para ter musicalidade? Musical idade.

sábado, 21 de março de 2015

Vai. Mas volta.

Desço pra caminhar, e me vejo sozinho: ela não está lá. Não atende aos meus chamados, nem responde as minhas mensagens, se é que as visualiza. Ela tem me feito companhia nos momentos de liberação de endorfina, e nos instantes de cansaço me alenta com o sorriso brilhante que lhe é característico, dando força pra ir até o fim. Mas hoje eu estou sozinho. E não foi por falta de avisos ou sinais. Para bom entendedor meia palavra basta? Bastaria. Tive a vã esperança de vê-la daqui. Está longe? Estará mais longe? Voltará? Ah, sim. Está só escondida, por um tempo. Que voltará, sei que sim. E esperar-te-ei, ó, lua. O que nos separa é só uma nuvem, que está mais perto de você do que de mim. É certo que às vezes também sou obrigado a te deixar de lado, mas quando você voltar, estarei aqui, de braços abertos e coração pulsante pra te receber, sabendo que qualquer dia você terá que ir de novo. Mas não tem problema: só contemplar sua beleza de vez em quando já me faz feliz. Agora deixa eu subir. Até.

domingo, 15 de março de 2015

É pra mim?

O que nasceu pra ser seu, ainda que por um segundo, vai ser. E vai ser plenamente, completamente, tudamente seu. Quando for, aproveita.

Agora, se não for destinado a ser seu, não adianta chorar, reclamar, fazer o diabo a quatro. Não vai ser parte da sua vida.

Lutar por algo é digno, e esperar pra ver se acontece pode ser surpreendente. Sem pressa.

J.E.

sábado, 7 de março de 2015

Amores

Advinha quem foi o premiado com insônia dessa vez? Pois é. Acertou. O mais impressionante desses momentos é que eles duram horas, mas durante esse tempo passa um filme de anos na sua cabeça. Assunto? Você mesmo: vida e obra. Ou vidas e obras. E nesse filme você visita lugares queridos, revisita situações, especula sobre o imponderável, relembra e celebra o amor... Digo, os amores. Sim, todos nós temos amores. Muitos. De vários tipos, graças a Deus! Exista um só tipo de amor, e você ou terá os sonhos mais loucos com sua família, ou o afeto por um cônjuge se restringirá a tomar-lhe a bênção. 

O amor que irradiamos volta para nós. Volta? Volta! Ainda que seja em forma de frustração. Quando você imagina uma situação X e ela acontece diferentemente do que você tinha imaginado (quanto ao amor, não dá pra planejar... só resta imaginar!) você sente o golpe, mas só acusa se quiser. Levanta, sacode a poeira, e... chora com os ciscos nos olhos? Só se quiser! Dar a volta por cima não é garantido, mas chorar não é obrigatório.

Digo isso porque esses dias segurei no colo o filho de um amor meu. Esse amor nasceu quando eu tinha onze anos, e até os quinze ele fez parte direta da minha vida. Vi esse amor dar os primeiros passos, falar as primeiras palavras, e o levei à escola pela primeira vez. Hoje, esse amor é pai de uma pequena cópia sua, a quem segurei no colo, mas não está presente em sua vida agora por circunstâncias da vida. Somos reféns das escolhas que fazemos? Não só nós, mas todos à nossa volta.

Amor, grande amor meu, você faz falta. Na minha vida, e, de alguma forma, na de todos. Torço pra que tudo se resolva da forma mais certa possível. Estou triste demais, até contigo, mas nunca deixei de te amar. Afinal, se o amor um dia acaba, ele nunca foi amor.

J.E.

domingo, 1 de março de 2015

A Mesa

Domingo bom é aquele em que a gente comemora. Qualquer coisa pode ser comemorada. Tudo. Até se o seu time perder: "Isso mesmo! Mereceram!" Mas esse domingo foi especial. Muito, diga-se de passagem.

Desde sábado já se comemorava o aniversário da minha mãe. Saímos em família, três casais, e num papo regado a risadas interrompidas por comida boa e bebidas sem álcool, celebramos mais um ano de vida dela. Suficiente? Não. No domingo, panelada de dobradinha para o restante da família que veio dar o abraço de todo ano.

Durante o almoço, tocava um CD de músicas de dor-de-cotovelo daqueles, cheios dos clássicos de Amado Batista, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Cauby, Timóteo... Até que minha refeição foi pausada por alguns minutinhos, quando tocou "Naquela Mesa." Essa canção não pode passar despercebida, nunca, por ninguém! Levantei da mesa, fui ao banheiro, e depois de um tempinho bem curto, voltei para terminar o almoço, depois de ter chorado pouquinho, baixinho, de saudade do meu avô, que tanto gostava de um almoço de domingo embalado por esses clássicos. Só saí da mesa por causa da minha avó, que depois de onze anos não esconde a saudade e ainda chora, assim como eu, mas ela tem 87 anos e uma série de fatores agravantes para emoções fortes. Os outros, incautos, nem perceberam a música: seus ruídos a abafaram em seus ouvidos. Mas não nos meus.

Que saudades do meu avô! Que pena não tê-lo em pessoa para compartilhar de um almoço, nunca mais. Que pena não cantar mais nada com ele quando eu pego o meu violão. Cantar "Naquela Mesa" baixinho foi o meu mantra para o resto do dia. E chegando em casa, ouvi várias outras do Nelson Gonçalves só pra comemorar a saudade gostosa do velho João. Fique em paz, vô. E dá um abraço no Nelson Gonçalves aí.

https://www.youtube.com/watch?v=8YaOWBvx_Ms

Naquela mesa ele sentava sempre
E ensinava pra gente o que é viver melhor.
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor.
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã,
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã.

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto
Uma casa e um jardim.
Ah, se eu soubesse como dói a vida
Essa dor tão doída
Não doía assim.
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala
Do seu bandolim.
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele
Tá doendo em mim.

J.E.